O preço do vinho e a nossa percepção
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- Categoria: degustando
A maioria de nós tende a associar inconscientemente boa qualidade a preços mais elevados, mesmo que racionalmente quase ninguém admita. Pois bem. Um estudo científico elucidou bastante o assunto. Acompanhe.
A pesquisa foi publicada há alguns anos, em um periódico chamado PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences of the USA, que em português significa Anais da Academia Nacional de Ciências dos EUA). Essa pesquisa foi conduzida por cientistas de duas renomadas instituições: California Institute of Technology e Stanford University.
O estudo baseou-se no uso de ressonância magnética em indivíduos, durante a degustação de vinhos apresentados com preços distorcidos.
Participaram da pesquisa indivíduos com idade entre 21 e 30 anos, sem histórico de abuso ou dependência de álcool, sem problemas psiquiátricos, metabólicos ou neurológicos, e que não consumiam nenhum tipo de medicamento que influenciasse os resultados de exames de ressonância magnética.
Durante a experiência, esses indivíduos degustaram 5 diferentes vinhos, todos produzidos com Cabernet Sauvignon, mas de diferentes faixas de preços: 5, 10, 35, 45 e 90 dólares, cada garrafa. O que eles não sabiam é que os vinhos de 5 e de 45 dólares eram, na verdade, o mesmo, que custava apenas 5 dólares. E que os vinhos de 10 e de 90 dólares também eram iguais, e custavam, de fato, 90 dólares.
Os resultados da pesquisa mostraram que, quanto maior era o preço divulgado do vinho, maior era a sensação de prazer proporcionada por ele. Com o auxílio da ressonância magnética, percebeu-se, nesses casos, maior fluxo sanguíneo e maior oxigenação em uma determinada área do cérebro, responsável por codificar sensações prazerosas.
Ficou claro com esse estudo que o prazer físico sensorial não depende somente das verdadeiras características daquilo que estamos degustando. E, obviamente, isso não deve valer somente para o consumo de vinho. É possível expandir essa teoria para todas as relações de consumo que estabelecemos.
Pois é... Atire a primeira pedra quem se considera totalmente imparcial no julgamento de um vinho... A opinião da ciência é que somos altamente sugestionáveis pelo preço, isso sim.
Assim sendo, ponto positivo para o conceito de degustação às cegas, não é mesmo? Se quiser ler sobre essa forma de avaliar vinhos, na qual não se sabe exatamente o que está sendo degustado, clique aqui.
E, se quiser ler sobre a mais famosa degustação às cegas de todos os tempos, o Julgamento de Paris, clique aqui.
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