Grappa, outro membro da família...
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- Categoria: a história do vinho
Tempos atrás publicamos um artigo sobre Cognac, considerando essa bebida como se fosse um “primo do vinho”. Pois bem, seguindo essa lógica, a Grappa é também membro dessa família, unida não por um sobrenome, mas pela matéria-prima: a uva.
A Grappa é um destilado (aguardente) feito a partir do bagaço das uvas. A palavra deriva do latim medieval "grappolus", que significa cacho de uvas.
As variedades mais utilizados na produção de Grappa são Moscatel, Chardonnay, Cabernet, Pinot e Prosecco. Produzida basicamente a partir de cascas dessas uvas, a Grappa é uma bebida extremamente aromática.
Segundo o Istituto Nazionale Grappa, essa é uma bebida tipicamente e exclusivamente italiana, por tradição, por cultura e por direito, sendo reconhecida como denominação de origem pela União Europeia.
Originalmente produzida no intuito de evitar o desperdício durante o processo de vinificação, tornou-se uma especialidade nacional da qual os italianos têm muito orgulho. Aliás, para ler sobre outros destinos dados aos bagaços das uvas clique aqui.
No início do século 20 existiam aproximadamente 2.000 produtores artesanais de Grappa. Mas a imensa maioria não resistiu a uma forte onda de industrialização da bebida, principalmente entre as décadas de 60 e 80. Atualmente, cerca de somente 100 produtores, em toda a Itália, produzem Grappa da mais alta qualidade, e de maneira artesanal. A maioria dos produtores está no Vêneto, em Trentino e no Piemonte.
Até o século 19 essa era uma bebida considerada rústica e masculina. Hoje ela não é mais tão agressiva e áspera como antigamente. A Grappa produzida na atualidade é mais suave e com menor teor alcoólico, sendo ainda mais aromática.
A Grappa pode ser transparente como a água e também pode ter a cor da casca da uva, mas Grappas envelhecidas em barris de madeira obtém uma cor dourada, além de assumirem um sabor de baunilha, ficando mais harmônicas e mais redondas. Diferentes envelhecimentos produzem diferentes Grappas:
Giovane, ou Jovem, que utiliza somente tanques de aço, até o engarrafamento.
Affinata, que envelhece por menos de 12 meses em barris de madeira.
Invecchiata ou Vecchia, que envelhece entre 12 e 18 meses em madeira.
Stravecchia ou Riserva, com mais de 18 meses de envelhecimento em barris.
Em relação aos aromas, as Grappas dividem-se em aromáticas, produzidas com Moscatel, Gewürztraminer, Malvásia..., ou aromatizadas, quando há a infusão de alcaçuz, ervas, frutas vermelhas ou outras substâncias naturais.
E, além disso, Grappas podem ser monovarietais, elaboradas com apenas uma cepa específica, ou “polivitigno”, nome que os italianos dão quando há corte de diversas uvas.
Servida como uma bebida digestiva, para ser tomada após as refeições, a Grappa atinge todo seu potencial se servida a cerca de 16°C. E é também apreciada, com sucesso, sendo misturada ao café, naquilo que os italianos chamam de “espresso correto”, por corrigir o amargor do café, emprestando-lhe certa doçura. Essa é, de fato, uma parte da centenária tradição da Itália.
Não perca a chance de degustar Grappa, uma herança italiana única e indiscutível, que é exportada para vários países, inclusive aqui para o Brasil.
Ah, e se quiser ler também sobre o Cognac, clique aqui. E, depois de ler sobre a Grappa, e também sobre o Cognac, você vai ver que o vinho é assim: um rapaz de família! De boa família!
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